Flavio Cruz

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Amanda sempre foi uma sonhadora. Gostava de consertar o mundo, as coisas, as pessoas. Queria que todo mundo fosse feliz. Adorava quando apresentava um amigo para uma amiga e eles acabavam namorando. Ela se sentia uma fada fazendo isso. Era como se ela estivesse regendo o mundo. Ela mesma, porém, ainda não tinha encontrado seu príncipe. Ela sabia, contudo, que um dia isso iria acontecer.
Por enquanto, ela continuava sua missão. Outro dia estava olhando os classificados do jornal quando viu, na secção de “pessoais”, um anúncio:
“Senhor viúvo de 60 anos, carente, procura senhora da mesma idade, ou um pouco mais nova, para relacionamento. Sem compromisso. Entrar em contato pelo telefone...” Logo abaixo o apelido: Lobo Solitário
A primeira palavra que lhe veio à mente foi “safado”. Sem compromisso? Deu mais uma olhada aqui e ali e viu outro:
“Senhora de 55 anos, solitária, procura senhor da mesma idade, ou um pouco mais velho, para futuro relacionamento. Liberal, com limitações. Entrar em contato pelo telefone...” E assinava: Gata Manhosa.
Ficou intrigada. O Lobo não queria “compromisso”, mas certamente queria sexo. Não era bobinha, aquilo era óbvio. A Gata, manhosa que era, parecia ser muito mais liberal do que aparentava, apesar das “imitações” que lá colocou. Aquilo era conversa para boi dormir. Um estava certinho para a outra. E vice-versa.
Recortou os dois anúncios e, cuidadosamente, colou-os, juntinhos, em seu caderninho de notas. Era o máximo que podia fazer. Não ia se meter na conversa de duas pessoas que certamente tinham idade para serem seus avós. Eles que se entendessem. Quem sabe? Passou os dedos pelos dois anúncios e suspirou.
Quem sabe ela nunca precisasse, um dia, colocar aquilo no jornal. Além disso, se precisasse, certamente faria diferente:
“Senhora solitária, de bons princípios, procura um verdadeiro amor, para compromisso sério e definitivo.” E assinaria: Uma Fada Sonhadora.
Isso mesmo, não ia deixar por menos.
 
Pobrezinha, ela ainda não sabia o que era solidão. A verdadeira solidão.

Toutes les droites appartiennent à son auteur Il a été publié sur e-Stories.org par la demande de Flavio Cruz.
Publié sur e-Stories.org sur 07.03.2015.

 
 

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