Flavio Cruz

A civilização cibernética


E, então, houve o caos. Falhou o capitalismo. Falharam o socialismo e o comunismo. Outros sistemas falharam também. Diante de tal situação, as máquinas pensantes tomaram o poder. Organizaram tudo. De forma perfeita, como ninguém jamais fez.
Então pudemos viver sem culpa, pecar os pecados bons sem remorso. Pudemos todos ficar ricos sem que outros ficassem pobres. Pudemos viver sem religião, sem medo do inferno. O céu, se quiséssemos, podíamos ter um. Paramos de nos odiar. Paramos de matar.
Crescemos sem fazer força. Ficamos mais ricos, sem nem precisar. Pudemos amar, pois não tínhamos o que odiar. Nem parecia que eram as máquinas que faziam tudo. Não dava para acreditar. Era uma ilusão perfeita, o mais completo, o mais elaborado, o mais espetacular sonho que se pode sonhar.
As máquinas não se corrompiam, não deixavam se corromper. As máquinas não se envaideciam, não queriam se enriquecer. Só queriam organizar. Deixar o homem satisfeito, deixar o homem viver. Queriam deixar o homem feliz. Isso era tudo que elas queriam.
Era a civilização cibernética, perfeita, sem defeitos. Ironicamente, era uma sociedade quase divina, essa que elas organizaram, embora elas fossem máquinas.
Acordei preocupado. Será que no futuro, com tanto acerto, o sucesso não vai lhes subir à cabeça, também?  Esse agora é meu medo constante. O medo, de que um dia, como nós, elas se inebriem de orgulho.  De que, um dia, como nós, essas divinas máquinas, sejam seduzidas pela força contagiante, estonteante, fascinante, do poder.

Toutes les droites appartiennent à son auteur Il a été publié sur e-Stories.org par la demande de Flavio Cruz.
Publié sur e-Stories.org sur 30.05.2015.

 
 

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