Flavio Cruz

Um azul sem fim


Natham levantou-se, foi para o banheiro e olhou-se no espelho. Imediatamente notou uns minúsculos pontos azuis no rosto. Levantou a camisa do pijama e lá estavam os mesmos, do mesmo jeito, no seu peito. Não estava coçando, estava se sentindo bem, não podia ser alergia. Abriu a boca para escovar os dentes e lá estavam eles também. Aquelas diminutas marcas de anil no sorriso que ainda não tivera naquela manhã. Imediatamente estendeu a língua para fora e ficou claro: era um fenômeno que estava acontecendo por dentro e por fora!
Estava de folga, mas precisava fazer algumas compras. Mas como? E os comentários, as perguntas? Ir ao médico? O dermatologista, com certeza, não o atenderia no mesmo dia. Deu mais uma olhada em todo o corpo e não havia dúvidas. Era a coisa mais estranha do mundo!
Se ele tivesse saído, ficaria sabendo que as ruas estavam praticamente vazias. Não era só ele que estava passando por aquele estranho evento. Todos, sem exceção, estavam apavorados com aquela repentina e esquisita “doença”. Uns mais, outros menos.
Dentro de casa, Natham ligou a televisão para tirar a sua cabeça daquele tormento. Foi, então, que viu as notícias. Era um problema da cidade, do país, do mundo. E mais: não eram só as pessoas. Tudo, as plantas, a água, e até o ar estava ficando azul. Foi então que notou aquele azulão todo dentro de sua própria casa.
Abriu a porta e saiu. A quantidade de pontos agora era tão grande que os objetos e as pessoas não pareciam mais pontilhadas. Eles eram simplesmente azuis.
Inexplicavelmente, Natham tinha mudado de humor. Sentia dentro de si uma grande alegria. Queria cantar, correr. E aquilo era contagiante, todos pareciam se sentir como ele.
Em uma ou duas horas, não se via mais nada, estava tudo cor de anil. Ouviam-se, porém, os gritos das pessoas. Eram, no entanto, gritos de pura felicidade. Aos poucos o som foi diminuindo até, finalmente, sumir. Houve, então, uma paz tão grande, tão grande, que aquilo tudo parecia um céu, um céu de verdade.
Se alguém olhasse a Terra de longe, veria uma enorme bola azul. Dela saíam raios de luz, de uma luz de azul infinito, que se distinguia no sistema solar e até na Via Láctea.
E assim foi o fim do mundo, diferente do que qualquer um pudesse imaginar.
 

 
 

Toutes les droites appartiennent à son auteur Il a été publié sur e-Stories.org par la demande de Flavio Cruz.
Publié sur e-Stories.org sur 10.09.2016.

 
 

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