Eu me lembro, nas raras ocasiões em que ia à praia na minha meninice, de colocar uma concha junto ao ouvido e ficar escutando as ondas do mar. Era o que diziam, as ondas do mar. E parecia verdade. Nunca mais pensei naquilo. Noutro dia recebo um e-mail, daqueles com um monte e curiosidades. Que o vidro demora um milhão de anos para se decompor... Que o ouro é o único metal que não enferruja, mesmo estando enterrado no solo por milhares de anos... Que a língua é o único músculo do corpo que está ligado apenas a uma extremidade... E a lista vai. Algumas coisas eram até interessantes.
Bem lá no meio, veio uma que me chamou a atenção: o barulho que ouvimos quando colocamos uma concha junto ao nosso ouvido não é o oceano, mas sim o som do sangue correndo nas veias da orelha. Certo, lógico, faz sentido. Podia ter pensado nisso, talvez tivesse chegado à mesma conclusão.
Depois, senti um certo desapontamento. Bem que podiam ser as ondas do mar, seria muito mais bonito, mais interessante e mais romântico. Além disso que diferença faz se a gente achar que são as ondas do mar? Não vai prejudicar ninguém, não vai alterar a rotina do mundo. Por que tirar assim de minha cabeça uma imagem tão bonita, perdida lá na infância?
Tem gente que só estraga prazeres mesmo...
Toutes les droites appartiennent à son auteur Il a été publié sur e-Stories.org par la demande de Flavio Cruz.
Publié sur e-Stories.org sur 25.05.2016.
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